Remando no Sentido da Vida

04/09/2021

Na infância, fui salvo por minha mãe de um afogamento na represa de Guarapiranga, em São Paulo. Eu não me lembro, mas existe o registro fotográfico e o relato de meus pais, de que quando pequeno, eu escorreguei por um barranco submerso e ela me resgatou pelos cabelos. Apesar do susto, não criei traumas e depois aprendi a nadar sob os cuidados de meu pai, um legítimo lobo do mar, ou, como dizem os mais moderninhos, um waterman. Ele me ensinou também a pegar onda, mergulhar, remar e velejar. O capitão Douglas era o cara.

Nunca esquecerei das remadas em canoa canadense, com meus pais e irmãos pela orla de Angra dos reis, admirando as águas cristalinas e mornas, onde era possível enxergar o fundo de areia e as rochas cobertas de sargaço ornamentadas por imensas estrelas do mar. Esse foi o início de um hábito saudável que me direcionou na escolha da carreira.

Como biólogo e professor, depois de ter experimentado o mergulho profissional, posso dizer que passei a tirar o meu sustento do mar, ao menos pela sua contribuição imaterial, na forma de conhecimentos adquiridos diretamente nas pesquisas de campo na área da ecologia marinha, ou nas pesquisas bibliográficas, que me levaram para a área da educação ambiental e do ecoturismo. Eu entendo que uma vez desvendados os segredos da mente humana, seremos capazes de adequá-la a interagir com seu meio.

Hoje, a natação, o mergulho e a habilidade de usar ondas e ventos para melhor deslizar pelas águas, são muito úteis quando estou no meu barquinho revendo lugares e sensações que um dia pensei nunca mais vivenciar. Não quero ser como os melancólicos velhotes sobre os quais escreveu Joseph Conrad no seu livro Juventude: "todos desesperançados e saudosos do mar e da juventude".

Agora, quase um sexagenário, percebo que o deslumbramento que tinha na minha infância e juventude, ainda está vivo em mim. Basta deslizar de peito pelas ondas emburacadas da praia de Piratininga ou transpor a barra do Rio de Janeiro, como fiz antes, a lazer ou a trabalho, no rumo das ilhas costeiras do Rio de Janeiro e de Niterói, da baía da Ilha Grande, de Armação dos Búzios, de Arraial do Cabo, da bacia de Campos, da ilha de Trindade ou do arquipélago de Abrolhos, alguns desses locais já revisitei nas minhas remadas, outros, continuam nos meus planos.

Vamos remar até lá?

Escrito por: Daniel Brotto

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